TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO: ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO NA CLÍNICA E A CLÍNICA DO AT – 2012
Aluna: Telma Maria Leite

Um projeto terapêutico para D. Esperança

D. Esperança tem 70 anos de idade. É solteira e professora aposentada. Cuidou de sua mãe até esta falecer. Responsabilizou-se, também, por cuidar de alguns sobrinhos. Um deles, com quem tem mais proximidade, morou com ela dividindo a sua própria casa. Teve quatro irmãos, mas eles já faleceram. Faz 1 ano que ela mora em uma instituição asilar. Desfruta de seu tempo na realização de leituras de revistas, de quebra-cabeças e de bordados. As habilidades manuais foram obtidas quando cursou o ginasial.
A ida para a instituição ocorreu por conseqüência de uma queda que se resultou na quebra do fêmur e realização de cirurgia, o que a impossibilitou, a partir de então, de locomover-se sozinha. Com isso, passou a depender dos cuidados de terceiros para a realização de qualquer tipo de atividade, inclusive as de manutenção dos próprios cuidados pessoais.
Feito tratamento médico e recobrada a saúde física, embora dependa do uso de “andador”, o sobrinho da D. Esperança entrou em contato comigo a fim de que eu possa acompanhá-la no retorno à sua casa e na retomada de seus vínculos sociais e afetivos. A justificativa para a saída da instituição é, não só pelo fato de ela ter apresentado melhora do seu estado de saúde, mas também por sentir-se sozinha, apresentando certo isolamento social, e por apresentar sintomas depressivos.
Fui à instituição, conversei com D. Esperança e expliquei que a minha função como Acompanhante Terapêutica é, dentre vários aspectos, propiciar à pessoa com dificuldades a criação ou o resgate de meios de atuação no cotidiano e no espaço urbano, tendo ela aceitado a minha proposta para acompanhá-la. Feito isso, fizemos o contrato, ou seja, estabelecemos que os nossos encontros ocorrerão duas vezes na semana e estipulamos os valores a serem cobrados por encontro. Além disso, estabelecemos que cada uma se responsabilizará pelos próprios gastos nas nossas saídas e que sairemos de taxi.
Feito o contrato, estabeleceu-se o projeto terapêutico. Este, a princípio, visa a propiciar a retomada dos vínculos com sua própria casa, visto que não a visite desde a sua ida para a instituição. Tem como objetivo resgatar a sua história de vida pessoal e familiar através de suas lembranças e de seus pertences.
Deve-se, posteriormente, focá-lo na retomada de contato com os parentes, vizinhos e amigos a fim de articulá-la na circulação social. Ao passar a residir na instituição a vida ficou limitada de contato com as pessoas com as quais mantinha vínculos mais estreitos e a distanciou de outras pessoas com quem se relacionava.
Em seguida, pretende-se propor atividades que promovam maior autonomia e atuação no meio social, buscando novos significados à sua vida, ou seja, o foco será na promoção de saídas e realização de atividades de seu interesse, tais como: fazer passeios à livraria a fim de se ter contato com livros variados; ir à biblioteca com o intuito de se realizar leituras de livros de diferentes temas; ir ao cinema, já que faz muitos anos que não vai; frequentar cafés; ir ao museu, ir ao parque; frequentar curso de bordado, uma vez que tenha habilidade para bordar e goste de realizar tal atividade.

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